Você se preocupa com os agrotóxicos, na sua alimentação? É hora de começar a pensar nisto!

Outro dia ouvi de alguém que nós, brasileiros, consumimos em média 4 litros de agrotóxicos por ano. Não sou engenheiro agrônomo e, honestamente, não entendo mais sobre agrotóxicos do que qualquer pessoa que conheço. Mas confesso que achei bem alto esse número e resolvi dar uma pesquisada para sondar se esse dado é real.

Vou fazer um breve resumo de tudo o que eu li e deixar você tirar suas conclusões.

Segundo o dossiê ABRASCO, 70% dos alimentos in-natura estão contaminados com agrotóxicos. Sendo que a ANVISA alerta que 28% contém substâncias não autorizadas. (EL PAÍS, 2015)

A OMS associa a substância glifosato ao câncer e, segundo o IBAMA, essa foi a substância mais vendida no Brasil em 2013. Mais! Uma pesquisadora sênior do MIT, Stephanie Seneff , alerta que o glifosato será o responsável por termos mais de 50% das crianças autistas até 2025. (THEMINDUNLEASHED, 2014).

Outra substância é o 2,4-diclorofenoxiacético, que é um dos ingredientes do chamado “agente laranja”, que foi pulverizado pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, e que deixou sequelas em uma geração de crianças que, ainda hoje, nascem deformadas, sem braços e pernas. Essa substância tem seu uso permitido no Brasil e está sendo reavaliada pela Anvisa desde 2006. Ou seja, faz quase dez anos que ela está em análise inconclusa.(EL PAÍS, 2015)

A venda de agrotóxicos no Brasil em 2010 teve um aumento de 190% em comparação a 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de cinco quilos de venenos agrícolas por ano. Os dados fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). (EBC, 2012)

Segundo um levantamento da Anvisa, o pimentão é a hortaliça mais contaminada por agrotóxicos (segundo a Agência, 92% pimentões estudados estavam contaminados), seguido do morango (63%), pepino (57%), alface (54%), cenoura (49%), abacaxi (32%), beterraba (32%) e mamão (30%). Há diversos estudos que apontam que alguma substâncias estão presentes, inclusive, no leite materno. (EL PAÍS, 2015)

Mais de 30 tipos de pesticidas proibidos na União Europeia continuam a ser usados no Brasil, como o endosulfan, clorado que se aloja na gordura e, por isso, pode ser encontrado inclusive no leite materno. Mesmo com o uso de EPIs, é impossível estar imune a esses produtos, acentua Wanderlei Pignati. (IHU, 2013)

Engraçado que ao ler a parte dos EPIs no parágrafo acima, me lembrei de uma outra matéria que li no ano passado sobre a relação entre suicídios e agrotóxicos entre os produtores de tabaco no Rio Grande do Sul. Acontece que as empresas fumageiras “orientam” corretamente os agricultores sobre o uso de EPIs na aplicação do agrotóxico, porém…

“o agrotóxico, para fazer efeito, tem que ser aplicado quando tem sol, naqueles calorões infernais de novembro. O suor embaça os óculos (do equipamento), a máscara sufoca, falta ar. A luva prejudica a coordenação motora fina”, conta Mateus Rossato, 35 anos, que trabalhou na lavoura da família dos 12 aos 20 anos, em Nova Palma, a 224 km da capital gaúcha. ( G1, 2016)

O MMA traz uma publicação sobre agrotóxicos e menciona parte da Lei 7.802/89 que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins. (MMA)

Vale ler também uma matéria do O GLOBO em que publicarei apenas a manchete aqui. “Brasil fiscaliza agrotóxico só em 13 alimentos, enquanto EUA e Europa analisam 300”. (O GLOBO, 2014)

Por fim, para não dizerem que tenho apenas um lado, tem uma publicação que desmistifica que ingerimos 5,2 litros de agrotóxicos por ano e que os cálculos feitos por quem chegou nesse resultado são grosseiros. (VEJA, 2015 – Caçador de Mitos).

Mas a pergunta que fica é “O que podemos fazer? Estamos rendidos?”

O capítulo de Qualidade da Água para consumo humano do WELL traz uma pesquisa feita pelo U.S. Geological Survey de 1990 que aponta pesticidas em todos os rios de áreas agrícolas, urbanas e em 30% a 60% das águas subterrâneas. Essas substâncias podem contaminar os sistemas de abastecimento de água e de drenagem. A estratégia é utilizar filtros de carbono para eliminar substâncias como a Atrazina, associada a problemas endócrinos e cardiovasculares. Simazina, Glifosato, Nitrato e 2,4-diclorofenoxiacético.

Outra tendência mundial são os Urban Farmings, em que as pessoas criam hortas nas cidades para abastecimento próprio. Já há casos de restaurantes produzindo seus próprios alimentos para servir a seus clientes. O WELL traz no capítulo de alimentação que não há pesquisas conclusivas sobre os efeitos na saúde ao se consumir alimentos orgânicos e não orgânicos, porém, estudos apontam que há níveis mais altos de antioxidantes e níveis mais baixos de pesticidas e de bactérias resistentes a antibióticos em alimentos orgânicos comparados aos convencionais.

Sem dúvidas esse será um dos nossos grandes desafios. Como produzir alimentos mais saudáveis e em grandes quantidades?

Dependemos de ações mais assertivas por parte do governo e de estudos mais conclusivos por parte da academia e das empresas fabricantes. No entanto, o jeito por enquanto é irmos traçando nossas próprias estratégias para minimizar o problema. Qual é a sua?

Abraços e até a próxima.

Obs. Não deixe de comentar!

Eduardo Straub