ILUMINAÇÃO – RELAÇÃO COM O AVANÇO DA IDADE

Compreendendo a Qualidade da Iluminação no Olho Idoso

Nosso mundo está envelhecendo rapidamente. Em 2006, 11% da população global tinha 60 anos ou mais. Projeta-se que em 2050, a população com 60 anos ou mais aumentará para 22 por cento. Pela primeira vez na história da humanidade, há mais 60 anos ou mais do que crianças de 0 a 14 anos.

Então, por que isso está acontecendo? Muitos pesquisadores acreditam que isso se deve à alta fertilidade após a Segunda Guerra Mundial. Essa alta taxa de fertilidade é resultado de taxas reduzidas de mortalidade, reduções significativas de doenças infecciosas e parasitárias, reduções na mortalidade infantil e melhoria na nutrição.

À medida que envelhecemos, as deficiências visuais são inevitáveis. Estima-se que haja 285 milhões de pessoas em todo o mundo com deficiência visual, sendo 15 milhões apenas nos Estados Unidos. Com esta população crescente e número de pessoas com deficiência visual, a necessidade de instalações de cuidados para idosos com iluminação adequada é vital.

Mudanças na Visão

De acordo com o Vision Council, 1 em 28 americanos com 40 anos ou mais já tem visão subnormal (acuidade 20/70 ou pior após a correção [óculos ou cirurgia]). -anos de idade a cada dia.

O que acontece quando o olho envelhece? A lente começa a perder elasticidade, causando visão turva e dificuldade de foco, podendo também amarelar, afetando a percepção das cores e diminuindo o reconhecimento dos tons de azul. Os músculos que controlam a pupila enfraquecem, tornando mais difícil a adaptação de espaços claros para escuros e vice-versa. Devido ao enfraquecimento dos músculos e à diminuição do tamanho da pupila, menos luz é capaz de entrar no olho. Esta é uma das razões pelas quais a população mais velha requer níveis de luz mais altos. Outra razão é porque o número de bastonetes no olho pode diminuir à medida que envelhecemos, tornando mais difícil enxergar com pouca luz.

Além desses efeitos, existem também doenças oculares relacionadas à idade: catarata, glaucoma, degeneração macular, retinopatia diabética e retinite pigmentosa.

Como a iluminação afeta vidas
A iluminação pode afetar o humor, a saúde e o bem-estar dos residentes em instituições de cuidados para idosos.

Visibilidade da Tarefa
Quando se trata de visibilidade de tarefas, os idosos gostam de ficar ocupados com leitura, artesanato e outras atividades que requerem uma certa quantidade de luz. Eles precisam ser capazes de ver para desfrutar de qualquer atividade que estejam fazendo. Ao colocar a iluminação em camadas nas áreas comuns onde participam dessas atividades, eles recebem uma iluminação ideal.

Desempenho Visual e Segurança
Desempenho visual e segurança podem andar de mãos dadas. Os residentes em instituições de cuidados para idosos precisam se sentir independentes ao realizar suas tarefas diárias. Eles querem se mover pelos corredores sem ajuda e viver o dia de forma independente. Para fazer isso, eles precisam de níveis de luz adequados ao redor da instalação para aumentar seu desempenho visual. O mau desempenho visual pode levar a quedas e acidentes, que podem ter um impacto mais sério em sua saúde a longo prazo. Com iluminação inadequada, sombras e reflexos podem ser criados, também impactando negativamente o desempenho visual.

Ritmo circadiano e bem-estar psiquiátrico
O ritmo circadiano desempenha um papel significativo na iluminação para idosos. Alguns estudos mostraram que a iluminação adequada pode ter impactos positivos em residentes com demência. A demência é uma doença progressiva que causa o declínio das habilidades mentais acompanhado por mudanças na personalidade. Isso faz com que o ambiente da pessoa se torne cada vez mais confuso. Soluções de iluminação personalizadas podem ajudar com dificuldades de reconhecimento e percepção, bem como dificuldades com a orientação de tempo e lugar.

Ajustando a iluminação para corresponder à luz natural do dia fornecida pelo sol, os ciclos de sono-vigília são melhor regulados. Uma interrupção no ritmo circadiano do corpo pode causar agitação, fadiga e até mesmo alterar os níveis hormonais. Para garantir que seus ritmos circadianos não sejam interrompidos, altos conteúdos de luz azul devem ser usados ​​durante o dia e diminuídos à noite. De acordo com um estudo conduzido pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, houve uma redução de 41 por cento na gritaria, agitação e choro em residentes com demência quando eles estavam em instalações que utilizavam sistemas de iluminação de ajuste de cores personalizados. Esses sistemas de iluminação personalizados também podem ajudar a facilitar as rotinas diárias dos profissionais de saúde.

Todos esses aspectos podem levar ao bem-estar psiquiátrico geral do residente. Se os residentes estiverem confortáveis, tiverem um senso de independência e estiverem seguros em suas instalações, eles manterão uma psique saudável.

Características da boa iluminação
A iluminação adequada para idosos deve ser eficiente em termos de energia, ao mesmo tempo que torna a instalação um lugar confortável e seguro para ficar. Uma boa iluminação deve diminuir sombras, reflexos e brilho e criar uma facilidade de transição fácil. Ou seja, os idosos não devem ter que ajustar seus olhos ou sentir desconforto ao se mover de uma sala em outra nas instalações.

Ao diminuir sombras, reflexos e clarões, os idosos terão menos quedas e acidentes. O brilho pode fazer com que o olho não reconheça obstáculos como cadeiras, mesas e outros objetos. As sombras também podem causar acidentes e até ansiedade. As sombras às vezes podem ser vistas como uma ameaça ou confundidas com outra coisa. Isso pode levar à desorientação e agitação. Os residentes com demência precisam especialmente de iluminação adequada para reduzir as sombras nos rostos das pessoas. As sombras no rosto da enfermeira podem dificultar o seu reconhecimento pelo residente, o que pode causar agitação e até agressão.

Diferentes áreas da instalação requerem diferentes tipos de iluminação. Escadas, corredores e salas de recreação requerem iluminação indireta parcial e devem lançar o mínimo de sombras possível. Salas de saúde devem combinar iluminação indireta e direta de parede. Possui iluminação ambiente confortável, para garantir que os pacientes fiquem confortáveis ​​se estiverem deitados, e uma luz direta para garantir que o profissional de saúde possa examinar adequadamente e o paciente possa ler confortavelmente.

Os banheiros devem ter uma luz ambiente suave que também minimize as sombras. Muitos escorregões e quedas ocorrem no banheiro quando os residentes estão entrando e saindo do chuveiro ou banheira, o que torna importante criar um ambiente de alta visibilidade. A iluminação de baixa sombra também torna mais fácil ver o chão do chuveiro ou da banheira de onde estão entrando e saindo. A iluminação da vaidade também precisa ser brilhante com reproduções de cores adequadas – isso melhora a autopercepção dos pacientes, o que pode ter um reflexo direto em seu bem-estar psiquiátrico.

Os idosos precisam de altos níveis de luz, mas os níveis de luz aumentados não são capazes de consertar tudo. A qualidade da luz é tão importante. Se a luz for de baixa qualidade, os níveis podem nem importar. A iluminação não pode resolver completamente os problemas que vêm com o envelhecimento, mas uma iluminação de boa qualidade pode ajudar a aumentar o desempenho visual e a qualidade de vida dos residentes.

Essa população mais velha está crescendo e, com a tecnologia de hoje, podemos personalizar a iluminação para atender às suas necessidades. Existem muitos fatores em instalações de cuidados para idosos que podem torná-los bem-sucedidos, mas a iluminação de uma forma fácil e acessível melhora a vida dos residentes enquanto economiza em energia e custos de manutenção. Famílias e amigos ficarão à vontade sabendo que seus entes queridos estão em um ambiente seguro e bem iluminado.

Fonte: TCP

_______________________________________________________

Idosos - Fazendo-os Enxergar Melhor

Por Gilberto José Corrêa da Costa

SOB O PONTO DE VISTA DE MERCADO potencial, os idosos representam uma grande possibilidade de empregos e lucros. São, portanto, sob este aspecto, um foco de atenção bastante positivo para a descoberta de nichos de mercado. Pode-se considerar que o progresso da área médica e dos fármacos está presente na vida do idoso. Idoso que, dentro da legislação brasileira, é considerado a partir dos 60 anos. E aos 60 anos, quem se considera idoso?

Para suprir a resposta a esta pergunta aparecem outras expressões como adulto maior, terceira e quarta idades, melhor idade e assim por diante. Alguns aspectos são, entretanto, bastante claros. Muito provavelmente é em torno dessa idade que nascem algumas preocupações para os idosos, dentre elas, o que fazer em uma aposentadoria que está próxima, como prolongar a sua existência com qualidade de vida, como transferir o patrimônio amealhado ao longo da vida aos seus filhos e somente aos seus filhos, ou seja, é necessária uma preparação para esta fase da vida, como acontece nas demais.

Qualidade de vida
No fundo existe uma grande pergunta que, em síntese, está relacionada com qualidade de vida. Como descobrir a qualidade de vida? Quais as coisas que devem ser consideradas como tal?
Parece que o ser humano, a partir dos 60 anos, começa a refletir mais sobre a sua existência e sobre o passado. Este reflexo aparece num redescobrimento da espiritualidade, por vezes esquecida, mas que agora renasce como uma busca filosófica do sentido da existência. Neste particular, as livrarias dedicam várias estantes com os livros denominados de auto-ajuda. Em seguida, a pessoa de 60 anos busca o encontro com os amigos passados, fugazes ou futuros via a socialização. Vários são os grupos de convivência colocados à disposição pelas mais diferentes instituições, as reuniões sociais caseiras ou não, os grupos de lazer formados através de viagens programadas por agências de turismo especializadas. Isso contribui social e psicologicamente com o bem estar dos idosos que sempre têm estórias para contar e audiência para ouvir. Finalmente, as ciências exatas estão contribuindo para manter ativo o cérebro do idoso, mediante um uso espontâneo ou obrigatório. Ele será espontâneo quando houver uma busca de conhecimento na área da informática, no uso da internet, no diálogo com os netos; mas será obrigatório em determinadas situações como as bancárias, começando com o processo dos extratos bancários e indo ao pagamento de contas. Sob o ponto de vista técnico é muito importante que estas exigências sejam conhecidas. É do seu conhecimento que começam a ser concebidos novos equipamentos ou pequenos dispositivos, com a finalidade de auxiliar o idoso na sua etapa final de vida. Inquestionavelmente a iluminação e a acessibilidade desempenham um papel fundamental.

Projeção da ONU
A partir dos 60 anos, o olho humano começa a apresentar diferenças importantes que crescem de forma exponencial. O ser humano de hoje, com saúde física e mental, pode, com tranquilidade, atingir os 90 anos. Em recente simpósio promovido pela ONU há mais ou menos três anos atrás ficou evidenciado que, seguindo a tendência atual populacional, num período de 30 anos o número de velhos superará o de jovens e isto já pode ser observado hoje, a partir do deslocamento da curva logística populacional. Isso representa um mercado descoberto ou a descobrir. Representa também oportunidades de emprego, tão necessários nos tempos atuais, principalmente para os jovens. É preciso apenas descortinar o panorama.

Percepção Visual
A fisiologia da visão revela que o olho humano começa um processo de redução da sua capacidade visual. Como se sabe o olho adulto é uma esfera de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro que, como todo o ser vivo, vai envelhecendo ao longo de sua existência.
Em particular antes dos 60 anos há uma necessidade imperiosa com o uso de óculos que visam corrigir a acuidade visual. Posteriormente, os líquidos ou humores aquoso e vítreo, presentes no interior do globo ocular, bem como o cristalino e a córnea, começam a alterar os índices de refração e a sua coloração. Como consequência, o idoso dos 70 anos é, por assim dizer, uma pessoa que enxerga de forma amarelada, resultando daí uma necessidade de mais luz para ver semelhante ao jovem. Monet, o famoso pintor impressionista, interessantemente realizou a experiência de pintar a mesma cena de quadros, percebendo que o seu processo de percepção visual havia se alterado ao longo do tempo.
Para o projetista de iluminação é muito importante verificar que estas alterações na longevidade devem se traduzir em projetos específicos de iluminação que atendam essas necessidades. Fundamentalmente, os idosos precisam de mais luz, de maior iluminância que, conforme as recomendações da Sociedade de Engenharia de Iluminação Norte Americana (IESNA), emitidas a partir de 2000, se traduzem pelo dobro da necessidade usual. Um ambiente onde transitam idosos deve, no mínimo, apresentar 200 lux para as áreas de circulação, 400 lux para atividades de cunho geral e 600 lux para atividades específicas de cunho localizado.
Entretanto, não é isto que se vê normalmente. Basta visitar clínicas ou lares geriátricos para se ter uma ideia do quanto se está longe de cumprir esta exigência. Em palestra para profissionais de clínicas, lares ou centros de convivência, ao ser colocada essa questão, houve o pronunciamento de que os idosos, quando tinham uma maior iluminância ambiental, tornavam-se mais “nervosos”. Ocorria que, nesses ambientes de maior iluminação, eles voltavam a enxergar de forma similar a da sua juventude e, assim, começavam a desencadear um processo existencial mais motivado. É preciso sempre entender que o idoso é um adulto com vontade própria que, evidentemente, deve se sujeitar às regras das instituições, mas que nem por isso deve ser tratado como uma criança. Aliás, pensar que o idoso é uma criança é uma péssima concepção. O idoso é um indivíduo que tem características próprias da sua idade e que, por isso, devem ser corretamente interpretadas.

Critérios técnicos
Não basta, simplesmente, uma maior iluminação. É necessário que as fontes luminosas não sejam ofuscantes. O aumento da idade após os 60 anos começa a revelar que o ser humano é mais sensível às fontes de luz. Isto identifica dois tipos básicos de distribuição luminosa, perfeitamente caracterizados na literatura técnica como iluminação indireta ou semi-indireta. Parece que, em um mundo que busca a eficiência energética, estes dois tipos de iluminação são aqueles que representam o menor rendimento ou, mais precisamente, os menores fatores de iluminação.
Neste caso, é oportuno mencionar que um projeto de iluminação deve sempre iniciar com a tarefa visual. Esta tarefa é própria do ambiente e está integralmente inserida dentro do aspecto da percepção visual e do seu desempenho. Assim, um projeto de iluminação deve atender inicialmente dois condicionantes básicos como quantidade
de luz (definida através de iluminância) e qualidade da luz (definida por luminância, temperatura e índice de reprodução de cor). A luminância é fornecida nos catálogos de fabricantes de luminárias e o seu uso é conhecido por projetistas de iluminação. Já a temperatura da cor pode ser considerada como da ordem de 3000K visto que idosos tendem a “ver uma vida mais amarela”. Os índices de reprodução de cor devem ser, por essa razão, no mínimo com um valor de 85. Ao empregar luminárias modernas, indiretas ou semi-indiretas, com alto rendimento, fatalmente o projetista de iluminação estará atendendo aos requisitos da eficácia energética. Esta eficácia estará, assim, intimamente ligada com a tarefa visual.

Fonte: LUME ARQUITETURA