Sustentabilidade corporativa depende de práticas gerenciais

Transparência, critério na compra de produtos e relacionamento com vizinhança são práticas estimuladas pela gestão sustentável

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Redação AECweb / e-Construmarket

“Meu empreendimento será certificado LEED. Então, minha empresa também será LEED?” A pergunta recorrente levou o engenheiro Eduardo Straub e a arquiteta Luiza Junqueira, ambos LEED AP, titulares da StraubJunqueira, a colocarem em foco um nicho pouco explorado no setor da construção civil: o da sustentabilidade corporativa. “Desenvolvemos uma metodologia para tornar sustentáveis empresas da cadeia da construção, e não apenas o empreendimento”, diz ele. Independentemente de estarem sediadas em edifícios construídos de acordo com as exigências da sustentabilidade, o que conta são as práticas gerenciais dessas empresas. Para uma incorporadora, são consideradas, entre outras atuações, a sua governança e a comunicação com seusstakeholders.

“É o caso da incorporadora que compra um terreno e, nele, constrói um edifício que pode até mesmo ser sustentável, mas jamais conversa com a vizinhança. Nos relatórios de sustentabilidade, essa empresa deve deixar claras suas responsabilidades socioambientais. Isso vale para a vizinhança, mas também para os futuros clientes”, comenta Straub, lembrando que essa postura vale para toda a cadeia da construção civil.

“Desenvolvemos uma metodologia para tornar sustentáveis empresas da cadeia da construção, e não apenas o empreendimento”

Eduardo Straub

A excelência em sustentabilidade corporativa leva tempo para ser atingida. São traçados objetivos e metas a serem alcançados em curto, médio e longo prazos, de maneira que a empresa conheça as etapas que terá de percorrer. “Por exemplo, ela nunca poderá se autointitular sustentável se ela não tem ideia de onde vêm os produtos que está adquirindo e quem são os fornecedores. Porque, sem esse conhecimento, pode estar comprando madeira ilegal ou itens de indústrias que praticam informalidade”, alerta o engenheiro.

De acordo com Junqueira, empresas que praticam o greenwashing (maquiagem verde) muitas vezes o fazem por má-fé, mas na maioria dos casos o fazem como resultado do desconhecimento do assunto. “A ponto de acharem que existe uma certificação LEED para produtos – quando na verdade, podemos falar em produtos que atendem aos critérios da certificação”, comenta.

A consultoria procura levar treinamento às empresas da cadeia da construção para todos os atores, desde os que trabalham no canteiro até os que atuam nas indústrias, de maneira que tenham conhecimento do que é sustentabilidade e evitem reportar greenwashing.

“O empresário não percebe que esse investimento [em materiais sustentáveis] trará resultados futuros, não somente financeiros, mas de valor para a empresa, além de evitar o uso excessivo de recursos naturais”

Luiza Junqueira

ENTRAVES

O principal entrave identificado pelos consultores é a falta de clareza de algumas empresas sobre a importância da sustentabilidade corporativa. Na opinião de Straub, a sociedade está cada vez mais exigente, pedindo por essas práticas, e quem não entender isso a tempo vai deixar de existir no futuro, ou terá de mobilizar muito mais capital financeiro para alcançar as demais. “É clássico o caso de incorporadoras/construtoras que contam com a nossa consultoria para certificar um empreendimento, mas que consideram a compra de materiais de melhor qualidade ou mais sustentáveis como um custo, e não como investimento. O empresário não percebe que esse investimento trará resultados futuros, não somente financeiros, mas de valor para a empresa, além de evitar o uso excessivo de recursos naturais”, relata Luiza Junqueira. Já Straub chama a atenção para a necessidade de o tema da sustentabilidade permear todos os funcionários das empresas. Devem ter a percepção de qual política norteia a adoção dessas práticas, que valores trará e por que implementá-la.

Os profissionais consideram que os segmentos mais resistentes à implantação da sustentabilidade gerencial são as pequenas e médias construtoras, além dos pequenos fabricantes de materiais. “Com a disseminação das certificações de impacto ambiental, o mercado passou a buscar produtos mais adequados ambiental e socialmente. Alguns fabricantes já estão se adequando, porém, muitos temem, na implantação de uma gestão sustentável – que exige transparência na comunicação da empresa –, correrem o risco de revelar segredos industriais ou práticas pouco éticas. Isso abrange a origem das matérias-primas, que podem conter contaminantes, a utilização de mão de obra escrava ou a criação de impactos ambientais e sociais na sua extração”, revela Straub.

Case

A StraubJunqueira está trabalhando com uma empresa de montagem de estruturas metálicas que deseja saber o que deve fazer para ter uma gestão mais sustentável. Segundo Straub, a primeira etapa consistiu na verificação da legislação e das normas técnicas que impactam sua atividade. Outra fase do processo envolverá a identificação da origem das matérias-primas que utiliza – no caso, dos componentes utilizados na montagem das estruturas. “Posteriormente, essas informações deverão ser comunicadas à cadeia que compra o seu serviço”, explica Straub, lembrando que os colaboradores serão informados constantemente através dos relatórios de sustentabilidade corporativa.

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Eduardo Straub – É LEED AP BD+C, sócio da StraubJunqueira – Consultoria em Construção Sustentável. Engenheiro Civil, formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Gestão Ambiental pelo SENAC, curso de especialização em Construções Sustentáveis pelo GBC Brasil; master em Gestão de Sustentabilidade pela FGV, LEED AP BD+C; membro e participante dos comitês do CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável; participante dos comitês do referencial técnico para residências – GBC Casa. .

Luiza Junqueira – É LEED AP BD+C; DGNB Consultant e consultora do GBC Casa. Sócia da StraubJunqueira – Consultoria em Construção Sustentável. Arquiteta e Urbanista, formada pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Ainda na universidade se tornou a primeira estudante LEED AP do Brasil. Atua na área de consultoria em sustentabilidade com ênfase em certificação LEED desde 2007, participando ativamente de empreendimentos certificados em todo o Brasil, dentre o quais destaca-se o primeiro empreendimento Core & Shell do país, a primeira escola da América Latina e a primeira sede de prefeitura do Brasil. Fez parte da equipe de vários outros como shoppings centers, arenas de futebol para a copa do mundo FIFA 2014, indústrias, entre outros do setor público e privado. Também é Consultora certificada DGNB (German Sustainable Building Council), e atua como voluntária do Living Building Challenge São Paulo. É professora do GBC Brasil, responsável pelo curso “Como se Tornar um LEED Green Associate”.

 

A Importância de se tornar um profissional acreditado LEED

Por Arq. Luiza Junqueira – LEED AP BD+C

      O aumento perceptível da importância dada a construção sustentável nos últimos anos e o crescimento constante de empreendimentos que buscam a Certificação LEED no Brasil, que o incluem na lista dos Top 5° em número de registro e certificação, exigem proporcionalmente o ingresso no mercado de cada vez mais profissionais capacitados a atender esta demanda.
Constantemente meus alunos fazem questionamentos como: “Qual a real importância da acreditação profissional? Qual o valor dela perante o mercado?; Para prestar consultoria ou exercer atividade ligada ao setor de construção sustentável é necessário ser um profissional acreditado?; Qual a diferença entre “LEED GA” e LEED AP”?,” e por ai adiante!
Então vamos desmistificar os fatos!
Começo pelo questionamento de “Qual a real importância de ser um profissional acreditado e Qual a o valor perante o mercado?”;  Qualquer certificado de acreditação profissional serve como garantia para o profissional, e o qualifica de suas competências relacionadas ao assunto. Desta forma, não se faz necessário comprovar por outros meios, seja para um contratante ou empregador de que o sujeito é capaz de atuar com aquela determinada área de interesse, pois o certificado atesta suas competências. Nesse sentido é importante ressaltar que ambas as certificações LEED GA e LEED AP exigem que o profissional comprove suas competências através de horas técnicas que devem ser renovadas a cada dois anos. Este sistema obriga que o profissional esteja sempre se reciclando, adquirindo novos conhecimentos e/ou atuando na área para que possa carregar o mérito de sua acreditação profissional, pois não há conhecimento adquirido que se não posto em prática perdure no tempo o suficiente para o indivíduo carregar para sempre o mérito do certificado. Trata-se de uma forma saudável e inteligente de manter os esforços do setor de construção sustentável sempre se atualizando. Caso o profissional perca seu certificado e deseje no futuro retomar seus conhecimentos, nada o impede de refazer o exame!
Apesar do exposto acima, isso não significa que é obrigatório carregar qualquer certificação profissional para ingressar na área ou exercer qualquer atividade relacionada ao tema da construção sustentável, seja de consultoria, atuando com projetos, construção ou fornecimento de tecnologias complementares. Há inclusive excelentes profissionais no mercado, especialistas em suas áreas de atuação; como por exemplo em eficiência energética ou recursos hídricos que não são acreditados LEED. Todavia, o que ocorre conforme mencionei é que o profissional que carrega uma certificação é reconhecido pelo mercado como um profissional que possui conhecimento em construção sustentável – isso significa um conhecimento abrangente e holístico, nas diversas áreas contempladas pela construção sustentável, como o uso do solo e a gestão dos espaços urbanos, os recursos hídricos, eficiência energética, materiais, conforto, entre outras.  Vale ressaltar que não necessariamente ele conhece a fundo todas essas áreas (se conhecesse poderíamos chama-lo de super herói), mas ele é capaz de compreender as particularidades de cada uma dessas áreas e atuar como interlocutor entre todos os envolvidos, compreendendo as divergências e propondo sinergias através do uso da lógica e criatividade para o resultado de um edifício mais eficiente para aqueles que o possuem e utilizam.
Afinal, qual a diferença entre LEED GA e LEED AP?
Basicamente o LEED GA, como definido pelo próprio USGBC, é o primeiro passo. O profissional que busca a certificação LEED GA entretanto já deve demonstrar ter conhecimento completo dos princípios de construção sustentável e dos sistemas de Certificação LEED, no caso desse ultimo, isso implica em saber diferenciar os diferentes tipos de Certificação e para quais tipologias construtivas devem ser aplicadas, como funciona o sistema de gestão da documentação (através da ferramenta LEED Online), custos, tempos, entre outros. Já o LEED AP, além de conhecer sobre tudo isso, deve ter um conhecimento aprofundado sobre a sua área de atuação – por exemplo o LEED AP BD+C – Buiding Design and Construction, possui expertise em sistemas de Certificação de Novas Construções, além de ter a capacidade de facilitar o processo de Certificação LEED. Em termos práticos para quem esta em busca de dicas para realizar a prova, isso significa que no exame do LEED AP caem questões específicas dos créditos, como por exemplo o quanto é necessário reduzir do volume de escoamento superficial de um determinado terreno que antes da intervenção mais de 50% de sua área total era impermeável, enquanto que no exame de LEED GA é necessário saber o que significa o termo “escoamento superficial”.  Certa vez um aluno definiu: “O LEED GA é como se fosse então um clínico geral e o LEED AP um especialista”. Tenho que concordar que essa foi uma boa definição!
Talvez alguns não saibam, mas existe a possibilidade de realizar ambos os exames de uma só vez – 2h para a prova do LEED GA + 2h para o LEED AP, e se bem sucedido o profissional pula o primeiro estágio e passa a ser direto um LEED AP. Minha opinião sobre isso? Categoricamente não recomendo! A não ser que você já atue com projetos e/ou processos LEED há algum tempo e esteja muito seguro de seu conhecimento. Na maioria dos casos sugiro realizar primeiro o GA, para que o candidato se familiarize com os conhecimentos e a dinâmica do exame, e em um segundo passo faça o AP. O que tenho visto ultimamente é que a maioria dos profissionais (arrisco aqui a dizer 100% dos meus alunos) que buscam a Certificação nunca tinham tido contato prévio com o conteúdo ou com algum projeto em processo de Certificação, ou o contato havia sido muito superficial, e ao estudarem e se dedicarem ao exame conseguiram passar com êxito na primeira tentativa. Além disso, o exame hoje já é realizado em Português, um grande fator facilitador para aqueles que se utilizavam do fator linguístico como um impeditivo para realizar a prova.
Independente da ordem dos fatores; LEED GA ou LEED AP, o que o Brasil demanda é cada vez mais de profissionais qualificados atuando no setor da construção civil. O profissional deve conhecer e saber aplicar os conceitos de sustentabilidade, pois não é uma questão de “onda do momento”, como muitos gostam de dizer, mas sim uma necessidade real e presente. Neste sentido as acreditações profissionais vem para contribuir com esta necessidade e a obrigar que a régua de qualidade do mercado cresça cada vez mais. Não é atoa também que o numero de profissionais, assim como de empreendimentos somente cresce no país. Mês após mês, mais profissionais se tornam LEED GA e LEED AP, entretanto, se formos analisar a quantidade de profissionais que se formam todos os anos no país apenas nas faculdades de arquitetura e engenharia, a quantidade desses profissionais ainda não representa nada.
Por isso, sou defensora da disseminação de uma educação de qualidade e da proliferação de profissionais capacitados no mercado, e quando falo mercado é em toda da cadeia – projetistas, construtoras, fabricantes, entre outros. Há lugar e demanda para todos, e somente assim conseguiremos atingir níveis cada vez mais elevados de qualidade do ambiente construído, além de garantir, é claro, retorno financeiro e respeito à sociedade e ao meio ambiente!
*Texto escrito pela professora do curso
“Como se tornar um Profissional LEED GA (Green Associate)”
Luiza Junqueira
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Incorporação de entulho em obra

Artigo de Eduardo Straub, engenheiro civil e proprietário da Straub, empresa que presta consultoria em sustentabilidade para Greenbuildings e toda a cadeia da construção civil

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Erroneamente, muitas empresas ligadas à construção civil ainda veem a esfera ambiental da sustentabilidade apenas como custo, quando, na verdade, uma ação ou ideia “verde” bem planejada e desenvolvida desde antes do início das atividades pode trazer economia além de melhorar a imagem da empresa junto aos seus stakeholders.

Uma dessas ações verdes que traz benefícios ao empreendimento é a correta gestão dos resíduos. Seguindo a resolução federal 307/2002 expedida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos. Tais resíduos são classificados nessa resolução como A, B, C ou D. Os resíduos dentro da Classe A são aqueles reutilizáveis ou recicláveis como agregados, a Classe B representa os resíduos recicláveis para outras destinações, já as Classes C e D representam, respectivamente, resíduos que ainda não tiveram desenvolvidas tecnologias que permitam sua reciclagem e resíduos considerados perigosos.

Mesmo com tal resolução em vigor, ainda é comum que os resíduos classificados como A e B, desde que não gerem receita direta para a obra como o resíduo de sucata devido a sua fácil comercialização, sejam descartados em aterros. Uma caçamba de 4m3 de entulho, material classificado como A, custa em média R$380,00 se descartada em aterro contra R$300,00 se enviada para reciclagem. Esses R$80,00 de diferença é a taxa cobrada pelos aterros, cada vez mais caros e escassos.

Um pouco além da legislação, uma ação “verde” que pode beneficiar o empreendimento quanto ao descarte do entulho é justamente não descartá-lo, mas incorporá-lo na obra como bica corrida, estabilização do solo, fechamento de valas, sub-base para pavimentação de vias, entre outros. Essa boa prática é favorável às três esferas da sustentabilidade: econômica, social e ambiental. Econômica porque não haverá o descarte do resíduo, social porque haverá necessidade de menos aterros e, com isso, a valorização de mais áreas, e ambiental, pois a reutilização de um material se resume ao não consumo de mais matérias-primas. Para exemplificar o conceito acima, um edifício comercial em concreto de 10.000 m² de área construída gerará em torno de 900m3 de entulho. Caso a mesma descarte todo esse entulho para aterro, a obra gastará R$ 342.000,00. Caso esse entulho seja enviado para reciclagem, o custo será de R$270.000,00. Para o terceiro caso, suponha que a obra destine 1% de entulho sujo para aterro, 5% para reciclagem e consiga incorporar 3% do material no empreendimento. O custo final será de R$188.000,00, uma economia de 55% em relação ao primeiro caso.

As esferas social e ambiental nunca andaram tão próximas da econômica e a indústria da construção civil passará esses próximos anos por um novo divisor de águas, onde as empresas líderes do mercado deverão liderar essa nova tendência com soluções, inovações, melhorias e ideias ou então cederão seu espaço para os novos líderes.

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Consumo de Água na Construção Sustentável

Artigo de Eduardo Straub, engenheiro civil e proprietário da Straub, empresa que presta consultoria em sustentabilidade para Greenbuildings e toda a cadeia da construção civil

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Com 12% dos 3% de toda água doce disponível no planeta Terra, o Brasil se encontra numa posição bem privilegiada se comparado a tantos outros países. E isso não é para menos, além de seus enormes e longos rios, o Brasil conta com os dois maiores aquíferos do mundo: O aquífero Guarani, com seus 45 mil km3 de água doce abrangendo 8 estados e 4 países, e o aquífero Alter do Chão, com 86 mil km3 de água doce se estendendo por uma área de 437.500 km2 em 545 metros de espessura média. Só o aquífero Alter do Chão seria suficiente para abastecer por 100 vezes toda a população mundial.

Contudo, num país continental, não é fácil trazer toda essa água para os grandes centros urbanos. Segundo a SABESP, a região metropolitana de São Paulo tem seu sistema de abastecimento integrado por 8 complexos e é responsável em atender 39 municípios com a produção de 67 mil litros de água por segundo. Com esse volume de água sendo consumido quase instantaneamente e com a escassez de chuvas, é inevitável que haja racionamento. O sistema Alto Tietê opera hoje com 44,7% de sua capacidade, enquanto que o sistema Cantareira opera com 22,2%. O nível está tão baixo e a situação é tão crítica que a SABESP passou a responsabilidade de consumo para a população. Quem reduzir 20% do seu consumo de água, terá um abatimento de 30% na sua conta de água.

Dentro deste cenário, o US Green Building Council informa que a construção civil consome 21% de toda a água tratada do planeta e que 13,6% é de responsabilidade das edificações. No entanto, os edifícios verdes já vêm implementando certas estratégias economizadoras que podem chegar a 50% de redução no consumo de água potável.

Uma dessas estratégias está na utilização de vegetação nativa para as áreas de jardim. Além de promover a biodiversidade, a vegetação nativa está adaptada para sobreviver nas condições climáticas de seu local de origem. Ou seja, não é necessário irrigação. Porém, se o jardim não contar apenas com vegetação nativa, o sistema de irrigação por gotejamento com sensor de chuva reduz em até 70% o consumo de água.

Sistemas de coleta de água pluvial e de águas cinzas são ótimos para serem utilizados para fins não potáveis como descargas, lavagem de áreas externas e irrigação. No entanto, é necessário orientar as pessoas quanto ao seu uso restrito.

Para as áreas internas da edificação, utiliza-se o sistema dual flux para vasos sanitários, onde o consumo é de 3 litros de água para líquidos e 6 litros para sólidos. Com o sistema dual flux, a economia de água, em relação a sistemas tradicionais, chega a 60%. Para torneiras, utilizam-se arejadores e restritores e, dependendo do uso, podem ser instalados sensores de uso ou sistemas de pressão. Já os chuveiros são instalados com temporizadores, que liberam apenas a quantidade de água necessária para o banho e garantem uma economia de até 70% no consumo de água. Para quem acha ruim tomar banho com contagem regressiva, faz anos que o governo australiano orienta seus cidadãos a não ficarem embaixo do chuveiro por mais de 4 minutos. Quem desrespeita e tem um consumo excessivo recebe uma advertência do departamento de água pelo correio.

Outra estratégia é a instalação de medidores individualizados de consumo de água. Dessa forma, cada um paga pelo seu respectivo consumo e também facilita a identificação de possíveis vazamentos. A SABESP, em seu site, disponibiliza uma lista comparativa entre equipamentos convencionais e equipamentos economizadores.

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